Ela explica que o aquecimento da água do oceano fez com que grande parte das jubartes, que migram dos mares do sul nessa época do ano à procura de águas quentes para procriar e amamentar os filhotes, encontraram o Oceano Atlântico na temperatura ideal bem antes de chegarem a Noronha. “Temos informações de que as baleias-jubartes este ano não chegaram muito além da Bahia, ficando longe de Fernando de Noronha”, conta Cynthia. O outro problema, também causado pelo ser humano, é a grande quantidade de redes de pesca jogadas ao mar por barcos e que provocaram a morte de muitos desses gigantes dos mares – uma jubarte adulta pode medir até 17 metros de comprimento e pesar 40 toneladas. Com a ausência das baleias, a programação foi adaptada, tendo como foco as aves de Noronha, a geologia e, principalmente, os golfinhos.
A mudança no roteiro não incomodou aos professores do Centro Integrado de Educação Infantil (CIEI) Bem-me-quer e da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio Arquipélago de Fernando de Noronha (EREFEM). Muito pelo contrário. “Foi uma experiência maravilhosa. Do barco, temos uma visão mais ampla da Ilha, bem diferente do que vemos no dia a dia”, afirma Olavo de Oliveira, 26 anos, que é professor de História da EREFEM. “Além de todo o aprendizado que tivemos durante o passeio, foi emocionante ver os golfinhos em seu hábitat natural”. O professor José Cícero, 46, do CIEI, também aprovou a atividade. “Foi uma programação muito importante e produtiva, que poderemos levar para a sala de aula e também para o nosso dia a dia. Eu nunca tinha visto os golfinhos tão de perto. Foi um momento muito especial”, diz.
FORMAÇÃO
A saída de barco para que os professores pudessem ver as baleias-jubartes fez parte do programa de formação com professores do CIEI Bem-me-quer e da EREFEM, realizado pelo PGR e que teve como ponto de partida uma série de oficinas. Nesses encontros, pesquisadores do Projeto falaram aos educadores sobre diversos pontos relacionados a essa espécie. Assuntos como alimentação, migração, reprodução e onde as baleias vivem, foram alguns dos temas abordados junto aos dezenove professores que participaram da atividade. Um dos objetivos era justamente preparar os educadores das escolas públicas de Noronha para as saídas de barco, nas quais eles poderiam ver as jubartes. “Como este ano as baleias não chegaram até o nosso Arquipélago, tivemos de adaptar a programação. Felizmente, todos os professores aprovaram a atividade”, destaca Cynthia.