Os Recifes



Os Recifes podem ser de corais, de arenito ou artificiais.

Os Recifes de Corais são estruturas rígidas formadas por organismos portadores de esqueleto de calcário, como corais e algas, que se unem em milhares formando colônias que podem ter de centímetros a metros de tamanho. Para surgirem e se desenvolverem, normalmente exigem de águas mornas, transparentes e ricas em nutrientes.



 Foto 07. Uma colônia de Corais

Cada indivíduo da colônia, os pólipos, possui uma estrutura mole formada por uma camada dupla de células e uma abertura, e uma estrutura rígida calcária, que construíram. Dentro de cada pólipo vivem as zooxantelas, um conjunto de organismos unicelulares fotossintéticos, principalmente algas unicelulares e dinoflagelados. Essa é uma relação é chamada de endossimbiose, pois o coral é responsável por fornecer abrigo, gás carbônico e nutrientes inorgânicos para a zooxantela, enquanto esta fornece matéria orgânica como alimento para o coral, além de sua cor. Em algumas espécies, cada pólipo é facilmente identificado.



Foto 08. Os pólipos de um coral

Um grande diferencial dos Recifes de Corais é sua grande biodiversidade. Constituem o habitat marinho mais diversificado do planeta, abrigando 25% das espécies marinhas e 65% dos peixes do mar. Por apresentarem uma grande biodiversidade e tridimensionalidade, esses ecossistemas são comparados às grandes florestas tropicais.



Foto 09. Biodiversidade e tridimensionalidade de um Recife de Corais em Melissa's Garden, Raja Ampat (Indonésia)

Algo impressionante em ecossistemas recifais saudáveis é a intensidade e quantidade de relações simbióticas (boas para as duas partes) entre espécies diferentes, como a famosa busca do peixe-palhaço (Amphiprion spp.), o Nemo, por proteção em anêmonas venenosas. Isso só é possível por que o peixe-palhaço tem sua pele revestida por uma camada de muco que o deixa imune ao veneno da anêmona. Uma curiosidade sobre os peixes-palhaços é que eles nascem machos e, se não houver fêmeas por perto, podem se transformar em fêmea, para que a reprodução possa continuar. Esta estratégia também é adotada por mais de outras 500 espécies de animais marinhos, como peixes e moluscos.



Foto 10. Peixes-palhaços buscando proteção em anêmona venenosa em Raja Ampat (Indonésia)

Os Recifes de Corais estão muito ameaçados, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), até 90% desse ecossistema pode ser perdido até 2050. Atualmente, 40% dos recifes de corais já estão deteriorados e 10% foram perdidos. Os 50% restantes estão em risco de extinção a curto ou longo prazo por culpa de impacto antrópicos, como efluentes líquidos e aquecimento global.

O primeiro sintoma de fraqueza na saúde de um Recife de Coral é o branqueamento de suas colônias. O branqueamento é a morte ou expulsão das zooxantelas de cada indivíduo da colônia. Como são as zooxantelas as responsáveis pela cor da colônia, sem elas, o coral fica branco. Se a saúde do recife não melhora, esse branqueamento pode seguir para a morte do coral e da colônia. Com a morte da colônia, algas e outros organismos se fixaram sobre sua estrutura rígida, podendo chegar a um ponto de irreversibilidade, quando, nesse local, não teremos mais corais.

As principais causas do branqueamento são o aquecimento das águas, devido às Mudanças Climáticas, ou eutrofização, pelo aporte excessivo de nutriente, como por esgoto doméstico e chorume de lixões, ou escoamento de alta densidade e sedimentos, que podem entupir os corais ou tirar totalmente a transparência da água.



Foto 11. Início do processo de branqueamento de uma colônia de coral, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Pernambuco)

Para minimizar essas perdas, em vários locais estão sendo implantadas fazendas de corais, criando substratos para o estabelecimento de larvas de corais e o surgimento de novas colônias, como em Bali (Indonésia). E essas “sementes” de corais colocadas em estruturas de diversos materiais, como ferro e cimento, realmente funcionam como ecossistema e atraem espécies habitantes de Recifes de Corais.



Foto 12. Fazenda de Coral em Bali (Indonésia)


Foto 13. “Sementes” de corais em estruturas de ferro sendo buscadas por peixes recifais para abrigo e alimentação (Bali/Indonésia)

Mas alguns locais no mundo ainda são um paraíso de corais, como o Arquipélago de Raja Ampat, localizado na Nova Guiné, Indonésia.



Foto 14. O Arquipélago de Raja Ampat (Indonésia)

Em várias localidades do Mar Vermelho ainda se encontra recifes coralinos saudáveis. O próprio nome de Vermelho dado a este Mar é devido à abundância de corais da cor vermelha nos recifes costeiros, localizados em baixa profundidade a ponto de serem vistos de fora d’água, como em Sharm El Sheikh na Península do Sinai (Egito).



Foto 15. Recifes com corais vermelhos, vistos de fora d’água, em Sharm El Sheikh (Egito)

Até em países africanos, encontra-se recifes de corais com boa saúde, como no Kisite-Mpunguti Marine National Park, localizado no extremo sul do Quênia.



Foto 16. Recife de coral no Kisite-Mpunguti Marine National Park (Quênia)

O Recife de Arenito é constituído basicamente por grãos de areia consolidados pela precipitação de carbonato de cálcio, que posteriormente foi colonizada por espécies bentônicas como macroalgas, algas calcárias, corais, esponjas, ouriços e moluscos. 
Assim como os Recifes de Corais, os Recifes de Arenito prestam importante Serviço Ecossistêmico protegendo comunidades costeiras de acidentes naturais como tempestades, ressacas e erosões.
Na cidade do Recife, o efeito de proteção dos Recifes de Arenito é visível, chega a ser didático. Nos trechos em que existem os recifes costeiros naturais, remanescentes da antiga linha de costa, a faixa de areia da praia está relativamente preservada. Em trechos de praia em que não existem recifes costeiros naturais, o mar leva a areia embora e a prefeitura tem que investir em obras de retenção de areia e muros de arrimos para o mar não invadir a pista, numa área que era duna, restinga ou mangue e o homem invadiu para construir ruas e edifícios. ​



Foto 17. Um Recife de Arenito em Boa Viagem, Recife (Pernambuco)

Outro local na costa de Pernambuco em que o homem se aproveitou dos Recifes de Arenito foi na foz do Rio Ipojuca, onde os Recifes de Arenito de Suape possibilitaram a instalação do Porto de Suape, o maior porto público da Região Nordeste.​



Foto 18. Recifes de Arenito de Suape, em Ipojuca (Pernambuco)

Nessas localidades em que o mar leva a areia embora, o homem tem que criar recifes artificiais, uma cara obra de engenharia, como em Olinda. Outra obra de engenharia utilizada para evitar o avanço do mar são os “Espigões”, construídos perpendiculares à linha de costa na tentativa de aprisionar a areia que é movimentada no sistema de transporte litorâneo, como na cidade de Cartagena das Índias, na Colômbia.



Foto 19. Recifes artificiais implantados para manter a faixa de areia da praia em Olinda (Pernambuco)


Foto 20. Espigões na cidade de Cartagena das Índias (Colômbia)